5 de out. de 2008

A utopia e a estupidez

O Dono de Obra decidiu, depois da obra começada, ou seja sem qualquer cabimento orçamental, que a Comissão de Segurança tem que estar presente nas reuniões de obra semanais para acompanhar o desenvolvimento dos trabalhos. Esta medida surgiu como uma tentativa de acabar com actos de trabalho inseguro sem procedimentos de segurança previamente apresentados, discutidos, aprovados e implementados. Um caso flagrante, infelizmente vulgar, de empreiteiro não sensibilizado para a segurança. Uma espécie de “depois de casa roubada trancas à porta”. A medida não surtiu efeito porque o membro da Comissão de Segurança que é o interlocutor do empreiteiro não aparece às reuniões porque tem muito que fazer e outras obras para visitar. Comecei por dizer que a medida apareceu sem cabimento orçamental, é isso que eu penso, contra a estupidez da Entidade Executante e a utopia do Dono de Obra, só há uma resposta: orçamentar a segurança, assim, pagar ou não pagar. Um dia chegaremos ao extremo de não pagar uma betonagem porque não foram tomadas as devidas medidas de segurança.

4 comentários:

Anônimo disse...

Olá Mónica, antes de mais gostaria de felicitar-te pelo excelente blog que tens, muito bom mesmo.

Quanto ao teu texto, é "bom" saber que existem outros que passam pelas mesmas situações e dificuldades que eu. É IMPRESSIONANTE a quantidade de profissionais, se é que lhes podemos chamar profissionais, com tão pouca cultura de Segurança.

Concordo plenamente quando dizes que um dia ainda havemos de chegar ao ponto de não pagar uma betonagem porque não foram tomadas as devidas medidas de segurança. Concordo, Assino, Subscrevo e assim é que devia ser!!!. Repara. Nós Coordenadores de Segurança em Obra temos a responsabilidade (entre outras)de auxiliar o DO no cumprimento das suas obrigações legais em matéria de Segurança, ora o DO paga à CSO por esse auxilio e paga também à Entidade Executante para executar o trabalho com qualidade e em Segurança, conforme se comprometeu na adjudicação da obra por intermédio do documento que é parte integrante do Caderno de Encargos que é o PSS e depois desenvolvendo-o ao longo da obra através do DEPSS. A titulo de exemplo, se na execução de uma parte da obra a EE não colocar o ferro A500 no pilar X e colocar o A400, quer dizer que para além de não estar a cumprir com o Caderno de Encargos/Projecto está “embolsar” a diferença do valor dos dois Aços, uma vez que o DO paga o A500 que é o previsto no CE/Prj. (“NORMALMENTE” e repito normalmente neste tipo de situações o DO e Fiscal não tem dúvidas e não hesitam em actuar)

È nesta linha de pensamento que devemos (todos) seguir em relação à Segurança. Outro exemplo, se na execução de determinada actividade e tarefa da obra a EE propôs que seria usado um arnês de Segurança com longe dupla e linhas de vida devidamente certificadas para minimizar/_eliminar o risco de queda em altura e no momento de execução apenas existe uma simples corda amarrada a dois ferros de espera, um arnês velho e sujo e uma mão de Deus como sistema principal de Segurança, e ainda no entretanto aparecer um Encarregado geral juntamente com o Director de Obra e Fiscal a barafustar porque é que a obra está parada, uma vez que o trabalho já está pronto, então faz todo o sentido não pagar, de referir que a nossa legislação prevê-o, mas ninguém tem a coragem de o fazer.

Bjs
Nuno

Mónica disse...

muito obrigada Nuno! e estamos do mesmo lado. Sabe bem sentir solidariedade e pensar q n estamos sós e q n somos uns bizarros da const.civil. obrigada :D

Anônimo disse...

Só hoje conheci este blog, estou a gostar!

1. O nosso grande problema é esse, não existir em Portugal Cultura de Segurança.

2. Pois, da legislação ao cumprimento da legislação vai uma longa distância (por falta de coragem, de profissionalismo, de formação e claro, da Cultura de Segurança).

Cps,
JPC

Mónica disse...

Olá JPC:
1. será pelo custo da segurança?
2. completamente de acordo e sublinho "profissionalismo"
obrigada pela participação!